quinta-feira, 5 de abril de 2018

É PRECISO ABRIR JANELAS


O Diário de Coimbra publicou, no passado dia 2, uma interessante e importante entrevista ao professor João Caraça, presidente do Conselho Geral da Universidade de Coimbra.

Não sei que consideração terá tido no meio académico e também não me apercebi de reações futricas, apesar de haver referências a aspetos que vão para além das portas da Universidade e que têm a ver com a cidade. É possível que seja um silêncio conivente, mas mesmo que assim seja é importante valorizar as ideias apresentadas por que vêm de fora. Vêm de alguém de reconhecido mérito académico, que tem mundo e não é daqui.

Há duas afirmações que gostaria de sublinhar. A primeira é a de que: “Nota-se que Coimbra não teve trajetória de alargamento e reforço das infraestruturas que permita à UC ser mola de desenvolvimento.” Não podia estar mais de acordo. A expansão e o desenvolvimento das infraestruturas urbanas, por exemplo, na envolvente dos Polos II e III são um verdadeiro desastre e mereciam uma atenção cuidada e urgente, sem falar de todo um outro conjunto de intervenções que permitissem um salto qualitativo na construção de uma cidade universitária do século XXI.

Aliás, a questão da localização da nova maternidade é um exemplo acabado da forma de, ainda hoje, fazer Coimbra.

A segunda afirmação é a que se refere à eleição do novo reitor, concretamente ao perfil e, sobretudo, quando diz: “Penso que não terá de ser necessariamente uma pessoa de dentro da UC:” Ora, não sendo uma ideia revolucionária a acontecer na UC representará, decerto, uma verdadeira revolução.

Não estando em causa o mérito nem a capacidade de encontrar um reitor no âmbito da própria UC, como aliás tem vindo a acontecer, a verdade é que a vinda de alguém de fora para uma universidade com estas caraterísticas seria extremamente interessante não só para a universidade como para a própria cidade.

Em Coimbra vem-se vivendo, cada vez mais acentuadamente, um certo ambiente claustrofóbico. Sente-se aqui a necessidade de abertura e de arejamento e se há áreas em que é evidente que isso não se vê possível a curto e médio prazo, a vinda de alguém de fora para a reitoria da universidade poderia contribuir significativamente para essa oxigenação.

Diz, o professor, João Caraça, sobre o perfil do novo reitor: “Terá, portanto, de ser ser uma pessoa com grande capacidade de liderança, uma clara visão de futuro e uma capacidade de dialogar, a toda a linha, muito grande. Será fundamental falar com pessoas de fora da universidade e de dentro da universidade.”

Venha ele!

Sem comentários:

Enviar um comentário