O
concerto solidário que teve lugar no Convento de São Francisco,
foi um exemplo daquilo que tem sido a extraordinária atitude
solidária dos portugueses em geral e das mais diversas organizações
e empresas, perante a tragédia dos incêndios que atingiu o país,
em
especial
na
região centro.
Região
centro onde pontifica Coimbra, cidade que pretende assumir uma
capitalidade regional e que frequentemente reclama, com razão, da
bipolarização do país e do esquecimento deste
território, como aliás os repetidos dramas deste verão escaldante
vieram confirmar, destapando uma dramática realidade demográfica,
social, cultural e económica.
Obviamente
que as pretensões de Coimbra não tendo sustentação institucional
têm de ser consideradas no contexto de uma imagem, de uma ideia e de
uma prática que leve a que a generalidade dos cidadãos a vejam, a
entendam e a respeitem por aquilo que assume e que faz.
Hoje,
a competição entre cidades é cada vez mais intensa e importante e,
por isso, depois de uma fase de consolidação de infraestruturas
tornou-se fundamental a adoção, pelos governos autárquicos, de
práticas de marketing bem como a utilização das redes sociais no
sentido da sua valorização, e é, sobretudo neste campo e na
utilização dos instrumentos mediáticos que vão obtendo ganhos.
Para
mais quando não há suficientes argumentos quantitativos, isto é,
quando o número de eleitores não permite a influência do número
de votos, os ganhos têm de ser procurados noutras formas e numa luta
constante
no contexto de uma competição permanente.
Acontece
que perante o drama vivido com os incêndios na nossa região teria
sido importante ver Coimbra, numa perspetiva institucional, assumir o
papel da tal capital regional que se pretende. Diga-se em abono da
verdade que Coimbra pretende mais que a considerem do que ela própria
se considera internamente.
Estabelecer,
de imediato, contactos com os municípios vizinhos e da região, no
sentido de inventariar o tipo de apoios necessários, encontrar local
ou locais onde os cidadãos de Coimbra pudessem fazer a doação de
bens e ver com as empresas de Coimbra a ajuda que aos mais diversos
níveis pudessem prestar, seguido da uma entrega planeada nos locais
e aos cidadãos e empresas necessitadas, em conjugação com as
Câmaras locais, teria tido uma enorme importância no reganhar de
uma imagem de Coimbra forte e generosa, merecedora de respeito e
consideração.
Infelizmente
tal não aconteceu e foi por isso uma oportunidade perdida no
processo de construção de uma Coimbra forte no século XXI e não
apenas de
uma cidade orgulhosa do passado mas displicente quanto ao futuro.
Talvez
amanhã quando Coimbra precisar do apoio dos municípios
circundantes, por exemplo, para justificar um dito aeroporto para
servir a região, e como “paga” para a sua omissão de hoje, não
obtenha mais do que o silêncio expetante e não a força determinada
de quem se revê num território mais vasto não em termos
geográficos mas por uma ideia de unidade fraterna e de interesse
comum.
(Artigo publicado na edição de 2 de novembro, do Diário de Coimbra)
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