UFA! Esta coisa das campanhas
eleitorais cansa mesmo a quem assiste no sofá. É verdade que ainda
há por aí uns acertos e uns acordos a fazer mas já podemos
descontrair, respirar fundo e recomeçar a ocupar-mo-nos, a tempo
inteiro, da salvação do país e do mundo.
A
salvação do mundo não é coisa fácil mas é sempre um bom e
inesgotável tema para mais quando agora o percorremos e o vemos em
pormenor em qualquer ecrã de televisão ou monitor de computador sem
a estranheza de outros tempos mas com a estupefação do presente.
Como
antídoto para a angustia que nos tenderá a invadir e para adoçar
os sentidos, ocultar sofrimentos podemos
escolher
ouvir Louis Armstrong a cantar “What a Wonderful World”. É
remédio certo!
É
evidente que não vamos livrar-mo-nos dos comentadores, analistas e
politólogos que nos cercam e dos tarólogos
que vão
aparecer em força no final do ano para nos transmitirem
o que as cartas augurem para o novo ano. Mas
mais uma vez talvez possamos recorrer à música.
Por
exemplo quando os
penteados de Trump e de Kin Jon-Un nos invadirem o sossego podemos
apelar a Boris Vian e ouvir “Le Deserteur” e se nos falam
da Venezuela ou do Irão porque não ouvir-mos a Orquestra
Filarmónica de Viena, dirigida pelo extraordinário jovem maestro
venezuelano Gustavo Dudamel, a executar a “Dança dos Escravos
Persas” de Mussorgsky?
A
Europa e os seus dilemas poderá motivar muitas e boas audições
musicais e não me refiro aos clássicos, sugiro por exemplo Richard
Galliano a executar “French
Touch”, face à nova realidade política francesa, ou Juliette
Gréco a cantar “Amours Perdues”, quando se pensa no Brexit.
Hoje
temos a emergente questão catalã ou a questão espanhola, talvez
mesmo a questão ibérica, o futuro nos irá dizer, mas talvez o
melhor seja recorrer a Jordi Saval e ouvir-mos “Les Nations”,
ainda que possamos apelar,
pode parecer estranha a sugestão, a Johnny Cash e ao seu “I Walk
The Line”.
Confesso
que no que toca à nossa política interna não me atrevo a qualquer
sugestão. Há tanta música e tantos artistas
que diariamente executam brilhantes variações, que seria um
exercício dificílimo e despiciendo. Arrisco, no entanto, pelo
crescendo de emoções que a aprovação do orçamento e as eleições
no PSD implicam que se oiça o “Bolero” de Maurice Ravel.
Nestas
insólitas e desgarradas sugestões, e porque não sei quem são os
leitores do Diário de Coimbra que têm a paciência de ler esta
coluna, sugiro que
oiçam “Jazz Suite, Waltz No. 2”, de Dimitri Shostakovich. Vão
ver como o dia vai ficar diferente.
Claro
que para terminar não podia deixar de recomendar o
disco de Leonard Cohen “ Popular Problems” e concluir
com
o “Don’t
Worry, Be HappY”, de Bobby McFerrin.
Um
bom e feliz recomeço!
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