Dentro
de dias vai iniciar-se uma das maiores, senão a maior, campanha de marketing de
um país, a nível mundial: a Volta a França em Bicicleta - “Le Tour”.
É
um espetáculo desportivo e televisivo em que verdadeiramente não se sabe se o
mais relevante é o ciclismo se a venda da imagem da França. O ciclismo é o
argumento mas desde há muito é o turismo e um conjunto de atividades económicas
a ele ligadas, que é promovido de uma forma particularmente inteligente.
O
“Giro” e a “Vuelta” são soluções decalcadas da prova francesa, assim como a
nossa Volta a Portugal, só que as características do país, a sua dimensão,
paisagem, riqueza histórica e cultural, bem como o património edificado,
dão-lhe uma dimensão inigualável. Depois e não menos relevante, há uma
consciência nacional da importância da imagem do país que suscita uma enorme
participação popular.
Aprecie-se,
por isso, o esforço e o mérito dos ciclistas mas olhe-se para as imagens dos
espaços envolventes da prova, para o arranjo dos espaços públicos, dos
edifícios históricos e mesmo das casas com jardins e flores que transmitem a
imagem de um país cuidado e de grande beleza e organização.
Sabemos,
todos, que na realidade a periferia das grandes cidades é, em muitos casos,
assustadora e que as imagens que nos são apresentadas escondem realidades sociais
bem duras, mas a imagem global com que se fica é altamente positivas.
Há,
mesmo, um aspeto particular, que no nosso país é vulgar e muito associado ao
poder local que são as rotundas. As rotundas, que são uma boa e económica
solução a nível de segurança e de qualidade de circulação, são muitas vezes
criticadas e com razão, por uma implantação excessiva e/ou deficiente conceção
técnica.
Ora,
como nos é abundantemente mostrado por essa França fora, as rotundas são não só
equipamentos de natureza funcional mas também elementos estéticos, de
embelezamento das entradas das cidades e tradutores de identidades regionais e
locais.
É
evidente que também temos bons exemplos, mas a verdade é que há ainda muito a
fazer e que as nossas cidades vilas e aldeias terão muito a ganhar com a
requalificação desses locais de encontro e de circulação por onde passa um
enorme volume de trânsito e que são vistas por imensos cidadãos.
As
rotundas são hoje um cartão-de-visita das cidades e também um elemento
distintivo do interesse dos seus autarcas pela estética dos seus espaços, pela
sua valorização ambiental e turística e pela criação de empatia com os
visitantes e, se virmos bem, o seu alindamento é fácil, é barato e dá…
(Artigo
publicado na edição de 1 de junho, do Diário de Coimbra)
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