Caros concidadãos
Em Coimbra vivemos o momento mágico da chegada da liberdade
e, com alegria, entusiasmo e generosidade, partilhámos a vontade coletiva de
construir um país novo. Um país de mulheres e homens livres e inteiros, uma
pátria solidária e justa, que acolhesse os sonhos de tantas gerações
espezinhadas e lançar as bases de um futuro digno para os nossos filhos e
netos.
Como cidadãos desta fantástica cidade, participámos e
assistimos a transformações impossíveis e a realizações impensáveis, e tivemos,
como tantos, desilusões e sobressaltos. Mas fomos sempre lutando por deixar uma
herança honrosa, acreditando que os vindouros nos recordariam com respeito.
Hoje estamos aqui, num grito de alma, a reconhecer o drama
da ruína dos nossos sonhos, do nosso trabalho e do nosso esforço a favor do
futuro. Hoje estamos, aqui, a sentir uma enorme raiva perante aqueles que nos
destroem vida e matam a esperança. Com mentiras atrás de mentiras têm vindo a
tirar-nos, sem pudor, a dignidade e a honra.
Foram-nos diminuindo como cidadãos, encurralaram-nos num
beco sem saída a favor dos donos do dinheiro que foram sendo engordados à nossa
custa, atirando-nos ainda a culpa de querermos ser cidadãos por inteiro.
Em Coimbra aconteceram ideias e germinaram lutas. Fizeram-se
poemas, canções e empunharam-se bandeiras. Nós, que assistimos a isso, choramos
hoje uma cidade amorfa e acomodada onde falta nervo cívico e coragem para os
bons combates.
Vimos, por isso, feridos na nossa honra e na nossa
dignidade, apelar aos cidadãos de Coimbra para que vençam o conformismo. Que,
em todos os seus locais de vida, trabalho ou lazer usem formas imaginosas de
contestação e combate à política infame que nos está a ser imposta.
Caros Concidadãos.
Não deixemos morrer Coimbra por dentro. Não nos acobardemos.
Que cada dia seja um dia de luta contra o pesadelo e a iniquidade política que
estamos a viver.
Coimbra,
22 de Novembro de 2013
Teresa
Portugal
João Silva